Carta aos pais 

Coluna FAT

Carta aos pais

Betania Savaris

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Carta aos pais

Carta aos pais

Compreendendo o momento que estamos vivendo e as medidas necessárias de afastamento social, no entanto não afetiva, medidas estas que dão conta do cuidado de si e dos outros, nós da Escola estamos trabalhando e seguimos pensando em recursos que possibilitem manter contato e fazer trocas afetivas.

Me proponho a trazer algumas reflexões sobre como sustentar o cuidado com a constituição subjetiva das crianças, que neste período se tornam ainda mais essenciais. É nas experiências familiares, no convívio de cada dia, dos momentos de prazer compartilhado, na brincadeira, na própria realização das tarefas escolares e nas conversas, que o investimento dos pais nesses momentos para com os filhos fará a diferença no andar destes dias, bem como, quando tudo isso passar.

Também é essencial que possamos pensar que neste período onde se permanece junto por muito mais tempo, se faz necessário espaços de privacidade de cada um, de descanso e de poder escolher o que se quiser fazer, até mesmo, de “fazer nada”. As atividades escolares, o brincar, o estar junto, de modo algum devem deixar de existir, entretanto, os excessos de atividades e informações podem saturar e até mesmo intoxicar. Neste sentido, sabemos que os conflitos familiares podem se intensificar, afinal somos diferentes, temos necessidades diferentes, o que se quer para uma hora o outro pode não querer, deste modo, os recursos subjetivos que dão sustento de lidar com as adversidades podem se esgotar mais fácil.

Isto não implica que cada família a seu modo possa encontrar suas medidas e suas formas de enfrentar esse momento. Para tanto, o estabelecimento de algumas rotinas pode auxiliar, definindo o momento da atividade, também o tempo livre de brincar e deixar a infância acontecer.  Falando nisso, o Brincar é uma atividade séria e estruturante do psiquismo das crianças, ainda mais em tempos como estes, que desestruturam uma série de coisas que já tinham sido estruturadas. Brincar junto é bom, mas também aprender a brincar sozinho e sustentar um faz de conta, brincar de “agora eu sou”... e tantos personagens que podemos nos transformar, é importante também para o desenvolvimento infantil

As atividades encaminhadas para serem realizadas em casa são importantes para darmos continuidade no vínculo com a escola e o desenvolvimento da aprendizagem. Compreendemos que neste sentido muitas angústias podem surgir aos pais, estamos fazendo certo? Estamos fazendo como precisa ser feito? Qual é o caminho? Compreender que o importante é fazer dentro do que é possível fazer, buscando as orientações quando sentirem necessidades.

São grandes os desafios de cuidar de crianças que se apresentam diante de uma ameaça real na era das relações virtuais e das tecnologias que seduzem, e o próprio desejo por ficar imerso apenas em jogos e vídeos. Elas, as tecnologias, ajudam muito, no entanto, atenção: o contato inter-humano e afetivo é o que de fato faz a diferença! Lembrem-se: as crianças miram-se em seus adultos, buscam neles como devem se sentir, tranquilizados ou assustados, imobilizados ou mesmo que em casa, se movimentando, aprendendo e crescendo.

Betania Savaris

Psicóloga Escolar da FAT.



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